sexta-feira, 18 de maio de 2012

'TIPO ASSIM': UMA SOCIEDADE FINGINDO SEUS PAPÉIS!

VISÃO ABSTRATA
‘TIPO ASSIM’: UMA SOCIEDADE FINGINDO SEUS PAPÉIS!

Vivemos num país do ‘faz de conta’... Era uma vez, ‘tipo assim’ o Brasil, descoberto pelos portugueses no ano de 1.500 e, ‘tipo assim’, pelo Partido dos Trabalhadores desde a época da ditadura militar. Os portugueses ‘exploraram’ e levaram todas as riquezas do nosso país para o exterior, deixando que D. Pedro I declarasse a Independência em 1822, ‘tipo assim’, já que seu pai continuava em Portugal no trono como Rei e seu filho continuaria aqui no Brasil, fazendo o que ele ordenasse (nepotismo?). 

 ‘Tipo assim’, na época da ditadura militar no Brasil os atuais governantes (ou mandantes) do nosso país, ‘tipo assim’, ou eram guerrilheiros – alguns treinados em Cuba, ou foram presos políticos ou exilados do país. Com a orientação de líderes comunistas e de esquerda como, ‘tipo assim’, Fidel Castro, Hugo Chaves, Muamar Kadafi, do presidente do Irã, entre outros, descobriram e aperfeiçoaram as técnicas para liderar um país onde o povo ‘tipo assim’, é analfabeto e ignorante, e implementou um monte de bolsas e vantagens assistenciais, além de permanecerem os coronéis, filhos e netos dos coronéis do norte e do nordeste que, ‘tipo assim’, compram os votos dos eleitores com saco de cimento, tijolo, ou qualquer promessa de algum bem material, que para quem não tem nada, ’tipo assim’, ter ao menos um teto para ‘fingir’ que vai morar.

Os que ‘fingem’ ser ‘representantes do povo’, eleitos pelo povo enganado e mal informado, são os verdadeiros defensores dos interesses próprios, à custa do dinheiro público.  Os ‘escândalos’ diariamente de corrupção e de má administração do dinheiro público, já são vistos como ‘normais’, ‘tipo assim’, todo mundo sabe, a imprensa divulga, a policia investiga, às vezes prende, o judiciário solta, e a ciranda continua sem ‘punições’ já que o povo analfabeto e ignorante se contenta com o futebol, samba e carnaval, e ‘finge’ ignorar. Serve apenas como exemplo para entrar na bandidagem!

Essa situação da falta de educação do nosso povo é muito complexa, e nas últimas décadas passou a ser importante, não a qualidade dos cursos ou a capacitação de quem se forma. ‘Tipo assim’, é o mercantilismo institucionalizado nas escolas, onde, ‘tipo assim’, quem pagou, passou!

 Hoje encontramos, ‘tipo assim’, em todas as profissões no Brasil, pessoas formadas ou com diploma na mão, porém com pouca capacidade de expressão em termos de redação, criatividade ou mesmo com habilidade para falar em público.  ‘Tipo assim’, os recursos e ferramentas da internet, que facilitam tanto para o aluno como para o professor que vai corrigir os trabalhos e provas, fazem com que o Professor ‘finja’ que ensina e que os alunos ‘finjam’ que estão estudando e aprendendo. Muitos programas no computador já possibilitam a revisão da gramática e ortografia, e muitos já fazem até a tradução do texto, ‘tipo assim’, prá que se esforçar?

Podemos resumir que cabe ao Professor a primeira fase de alfabetização e ensino, além de uma importante responsabilidade social, circunstancial e não obrigatória, tendo em vista a nova realidade na sociedade com as famílias com filhos de pais separados, irmãos de outros pais, órfãos, pai ou mãe na prisão, entre outras situações de vítimas de uma sociedade caótica.

‘Tipo assim’, onde está envolvido o ganho da Bolsa Família já é diferente, pois os pais do aluno, ou geralmente a mãe, ‘tipo assim’ vai se certificar que o aluno ‘compareceu’ à escola, pois caso contrário pode perder a Bolsa Família do governo. O Diretor (a) da escola ‘finge’ que os alunos estão freqüentando as aulas e aprendendo, ’tipo assim’ as reuniões com os pais são marcadas, mas os pais ‘fingem’ que vão e os professores ‘fingem’ que fizeram a reunião... e por ai vai. 

Os médicos que vão se formar ‘fingem’ que aprenderam, assim como os arquitetos, os engenheiros, os advogados, os administradores e praticamente todas as profissões. ‘Tipo assim’, o mercado está dominado pela incompetência e pela falta de capacidade dos nossos profissionais, oriundos das Universidades e Faculdades que visam exclusivamente o ‘lucro’, ‘tipo assim’, como qualquer negócio!

 É melhor errar por ter tentado, do que ser UM ALIENADO!

‘Tipo assim’, quanto às profissões, eu só digo que hoje não precisa somente estudar para ser importante, ter poder. É preciso saber ganhar dinheiro, com honestidade, de forma lícita, responsável, e produzir riquezas para o país...

Se você é brasileiro, se você tem carteira de identidade, se você ama o seu país e a sua vida, aja como um cidadão. Defenda seus direitos. Reclame. Mas como cidadão, você também tem suas obrigações. Pare de FINGIR!

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

M 3 L – LEGADO DE GUIMARÃES ROSA

 
João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG) a 27 de junho de 1908 e era o primeiro dos seis filhos de D. Francisca (Chiquitinha) Guimarães Rosa e de Florduardo Pinto Rosa, mais conhecido por "seu Fulô". Joãozito, como era chamado, com menos de 7 anos começou a estudar francês sozinho.


Terminou o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena, em Belo Horizonte, para onde se mudara, antes dos 9 anos, para morar com os avôs.  Depois se matricula no Colégio Arnaldo, de padres alemães e, imediatamente, iniciou o estudo  do alemão, que aprendeu em pouco tempo. Era um poliglota, conforme um dia disse a uma prima, estudante, que fora entrevistá-lo:


Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.


Em 1925, matricula-se na então denominada Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos. Segundo um colega de turma, Dr. Ismael de Faria, no velório de um estudante vitimado pela febre amarela, em 1926, teria Guimarães Rosa dito a famosa frase: "As pessoas não morrem, ficam encantadas", que seriam repetida 41 anos depois por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras.
Sua estréia nas letras se deu em 1929, ainda como estudante. Escreveu quatro contos: Caçador de camurças, Chronos Kai Anagke (título grego, significando Tempo e Destino), O mistério de Highmore Hall e Makiné para um concurso promovido pela revista O Cruzeiro. Todos os contos foram premiados e publicados com ilustrações em 1929-1930, alcançando o autor seu objetivo, que era o de ganhar a recompensa nada desprezível de cem contos de réis. Chegou a  confessar, depois, que nessa época escrevia friamente, sem paixão, preso a modelos alheios.


Em 27 de junho de 1930, ao completar 22 anos, casa-se com Lígia Cabral Penna, então com apenas 16 anos, que lhe dá duas filhas: Vilma e Agnes. Dura pouco seu  primeiro casamento, desfazendo-se uns poucos anos depois. Ainda em 1930, forma-se em Medicina, tendo sido o orador da turma, escolhido por aclamação pelos 35 colegas.
Guimarães Rosa vai exercer a profissão em Itaguara, pequena cidade que pertencia ao município de Itaúna (MG), onde permanece cerca de dois anos.  Diante de sua incapacidade de por fim às dores e aos males do mundo numa cidade que não tinha nem energia elétrica, segundo depoimento de sua filha Vilma, o autor, sensível como era, acaba por afastar-se da Medicina.


Guimarães Rosa, durante a Revolução Constitucionalista de 1932, trabalha como voluntário na Força Pública. Posteriormente, efetiva-se,  por concurso. Em 1933, vai para Barbacena na qualidade de Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria. Nas demoradas pesquisas que fazia nos arquivos do quartel, o escritor teria obtido valiosas informações sobre o jaguncismo barranqueiro que até por volta de 1930 existiu na região do Rio São Francisco.


Seguiu para o Rio de Janeiro onde prestou concurso para o Ministério do Exterior, obtendo o segundo lugar.


Antes que os anos 30 terminem, ele participa de outros dois concursos literários. Em 1936, a coletânea de poemas Magma recebe o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Um ano depois, sob o pseudônimo de "Viator", concorre ao prêmio HUMBERTO DE CAMPOS, com o volume intitulado Contos, que em 46, após uma revisão do autor, se transformaria em Sagarana, obra que lhe rendeu vários prêmios e o reconhecimento como um dos mais importantes livros surgidos no Brasil contemporâneo.


Em 1938, Guimarães Rosa é nomeado Cônsul Adjunto em Hamburgo, e segue para a Europa; lá fica conhecendo Aracy Moebius de Carvalho (Ara), que viria a ser sua segunda mulher.


Embora consciente dos perigos que enfrentava, protegeu e facilitou a fuga de judeus perseguidos pelo Nazismo; nessa empreitada, contou com a ajuda da mulher, D. Aracy. Em reconhecimento a essa atitude, o diplomata e sua mulher foram homenageados em Israel, em abril de 1985, com a mais alta distinção que os judeus prestam a estrangeiros: o nome do casal foi dado a um bosque que fica ao longo das encostas que dão acesso a Jerusalém.


Em 1942, quando o Brasil rompe com a Alemanha, Guimarães Rosa é preso em Baden-Baden, juntamente com outros compatriotas, entre os quais se encontrava o pintor pernambucano Cícero Dias,  Ficam retidos durante 4 meses e são libertados em troca de diplomatas alemães. Retornando ao Brasil, após rápida passagem pelo Rio de Janeiro, o escritor segue para Bogotá, como Secretário da Embaixada, lá permanecendo até 1944. Sua estada na capital colombiana, fundada em 1538 e situada a uma altitude de 2.600 m, inspirou-lhe o conto Páramo, de cunho autobiográfico, que faz parte do livro póstumo Estas Estórias. 


 Em 1946, Guimarães Rosa é nomeado chefe-de-gabinete do ministro João Neves da Fontoura e vai a Paris como membro da delegação à Conferência de Paz. Em 1948, o escritor está novamente em Bogotá como Secretário-Geral da delegação brasileira à IX Conferência Inter-Americana; durante a realização do evento ocorre o assassinato político do prestigioso líder popular Jorge Eliécer Gaitán, fundador do partido Unión Nacional Izquierdista Revolucionaria, de curta, mas decisiva duração.


De 1948 a 1950, o escritor encontra-se de novo em Paris, respectivamente como 1º Secretário e Conselheiro da Embaixada. Em 1951 é novamente nomeado Chefe de Gabinete de João Neves da Fontoura. Em 1953 torna-se Chefe da Divisão de Orçamento e em 1958 é promovido a Ministro de Primeira Classe (cargo correspondente a Embaixador).


Guimarães Rosa retorna ao Brasil em 1951. No ano seguinte, faz uma excursão ao Mato Grosso. O resultado é uma reportagem poética: Com o vaqueiro Mariano. Segundo depoimento do próprio Manuel Narde, vulgo Manuelzão, falecido em 5 de maio de 1997, protagonista da novela Uma estória de amor, incluída no volume Manuelzão e Miguilim, durante os dias que passou no sertão, Guimarães Rosa pedia notícia de tudo e tudo anotava "ele perguntava mais que padre" –, tendo consumido "mais de 50 cadernos de espiral, daqueles grandes", com anotações sobre a flora, a fauna e a gente sertaneja usos, costumes, crenças, linguagem, superstições, versos, anedotas, canções, casos, estórias...


Em ensaio crítico sobre Corpo de Baile, o professor Ivan Teixeira afirma que o livro talvez seja o mais enigmático da literatura brasileira. As novelas que o compõem formam um sofisticado conjunto de logogrifos, em que a charada é alçada à condição de revelação poética ou experimento metafísico. Na abertura do livro, intitulada Campo Geral, Guimarães Rosa se detém na investigação da intimidade de uma família isolada no sertão, destacando-se a figura do menino Miguelim e o seu desajuste em relação ao grupo familiar. Campo Geral surge como uma fábula do despertar do autoconhecimento e da apreensão do mundo exterior; e o conjunto das novelas surge como passeio cósmico pela geografia rosiana, que retoma a idéia básica de toda a obra do escritor: o universo está no sertão, e os homens são influenciados pelos astros.


Em 1956, no mês de janeiro, reaparece no mercado editorial com as novelas Corpo de Baile, onde continua a experiência iniciada em Sagarana. A partir de o Corpo de Baile, a obra de Rosa - autor reconhecido como o criador de uma das vertentes da moderna linha de ficção do regionalismo brasileiro - adquire dimensões universalistas, cuja cristalização artística é atingida em Grande Sertão: Veredas, lançado em maio de 56. O terceiro livro de Guimarães Rosa, uma narrativa épica que se estende por 600 páginas, focaliza numa nova dimensão, o ambiente e a gente rude do sertão mineiro. Grande Sertão: Veredas reflete um autor de extraordinária capacidade de transmissão do seu mundo, e foi resultado de um período de dois anos de gestação e parto. A história do amor proibido de Riobaldo, o narrador, por Diadorim é o centro da narrativa. Para Renard Perez, autor de um ensaio sobre Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas, além da técnica e da linguagem surpreendentes, deve-se destacar o poder de criação do romancista, e sua aguda análise dos conflitos psicológicos presentes na história.


O lançamento de Grande Sertão: Veredas causa grande impacto no cenário literário brasileiro. O livro é traduzido para diversas línguas e seu sucesso deve-se, sobretudo, às inovações formais. Crítica e público dividem-se entre louvores apaixonados e ataques ferozes. Torna-se um sucesso comercial, além de receber três prêmios nacionais: o Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro; o Carmen Dolores Barbosa, de São Paulo; e o Paula Brito, do Rio de Janeiro. A publicação faz com que Guimarães Rosa seja considerado uma figura singular no panorama da literatura moderna, tornando-se um "caso" nacional. Ele encabeça a lista tríplice, composta ainda por Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto, como os melhores romancistas da terceira geração modernista brasileira.


Ainda que não publicasse nada até 1962, o interesse e o respeito pela obra rosiana só aumentavam, em relação à crítica e ao público. Unanimidade, o escritor recebe, em 1961, o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. Ele começa a obter reconhecimento no exterior.
Em janeiro de 1962, assume a chefia do Serviço de Demarcação de Fronteiras, cargo que exerceria com especial empenho, tendo tomado parte ativa em momentosos casos como os do Pico da Neblina (1965) e das Sete Quedas (1966). Em 1969, em homenagem ao seu desempenho como diplomata, seu nome é dado ao pico culminante (2.150 m) da Cordilheira Curupira, situado na fronteira Brasil/Venezuela. O nome de Guimarães Rosa foi sugerido pelo Chanceler Mário Gibson Barbosa, como um reconhecimento do Itamarati àquele que, durante vários anos, foi o chefe do Serviço de Demarcação de Fronteiras da Chancelaria Brasileira.


Em 1958, no começo de junho, Guimarães Rosa viaja para Brasília, e escreve para os pais:
Em começo de junho estive em Brasília, pela segunda vez lá passei uns dias. O clima da nova capital é simplesmente delicioso, tanto no inverno quanto no verão. E os trabalhos de construção se adiantam num ritmo e entusiasmo inacreditáveis: parece coisa de russos ou de norte-americanos “... "Mas eu acordava cada manhã para assistir ao nascer do sol e ver um enorme tucano colorido, belíssimo, que vinha, pelo relógio, às 6 hs 15’, comer frutinhas, na copa da alta árvore pegada à casa, uma tucaneira’, como por lá dizem. As chegadas e saídas desse tucano foram uma das cenas mais bonitas e inesquecíveis de minha vida.


A partir de 1958, o autor começa a apresentar problemas de saúde e estes seriam, na verdade, o prenúncio do fim próximo, tanto mais quanto, além da hipertensão arterial, o paciente reunia outros fatores de risco cardiovascular como excesso de peso, vida sedentária e, particularmente, o tabagismo.


É importante frisar também que, coincidindo com os distúrbios cardiovasculares que se evidenciaram a partir de 1958, Guimarães Rosa parece ter acrescentado a suas leituras espirituais publicações e textos relativos à Ciência Cristã (Christian Science), religião cristã criada nos Estados Unidos em 1866 por Mrs. Mary Baker Eddy e que afirma a primazia do espírito sobre a matéria – "... the allness of Spirit and the nothingness of matter", a qual habilita compreender a nulidade do pecado, dos sentimentos negativos em geral, da doença e da morte, diante da totalidade do Espírito.


Em 1962, é lançado Primeiras Estórias, livro que reúne 21 contos pequenos. Nos textos, as pesquisas formais características do autor, uma extrema delicadeza e o que a crítica considera "atordoante poesia".


Em maio de 1963, Guimarães Rosa candidata-se pela segunda vez à Academia Brasileira de Letras (a primeira fora em 1957, quando obtivera apenas 10 votos), na vaga deixada por João Neves da Fontoura. A eleição dá-se a 8 de agosto e desta vez é eleito por unanimidade. Mas não é marcada a data da posse, adiada sine die, somente acontecendo quatro anos depois, no dia 16 de novembro de 1967.
Em janeiro de 1965, participa do Congresso de Escritores Latino-Americanos, em Gênova. Como resultado do congresso ficou constituída a Primeira Sociedade de Escritores Latino-Americanos, da qual o próprio Guimarães Rosa e o guatemalteco Miguel Angel Asturias (que em 1967 receberia o Prêmio Nobel de Literatura) foram eleitos vice-presidentes.


Em abril de 1967, Guimarães Rosa vai ao México na qualidade de representante do Brasil no I Congresso Latino-Americano de Escritores, no qual atua como vice-presidente. Na volta é convidado a fazer parte, juntamente com Jorge Amado e Antônio Olinto, do júri do II Concurso Nacional de Romance Walmap que, pelo valor material do prêmio, é o mais importante do país.


No meio do ano, publica seu último livro, também uma coletânea de contos, Tutaméia. Nova efervescência no meio literário, novo êxito de público. Tutaméia, obra aparentemente hermética, divide a crítica. Uns vêem o livro como "a bomba atômica da literatura brasileira"; outros consideram que em suas páginas encontra-se a "chave estilística da obra de Guimarães Rosa, um resumo didático de sua criação".


Três dias antes da morte o autor decidiu, depois de quatro anos de adiamento, assumir a cadeira na Academia Brasileira de Letras. Os quatro anos de adiamento eram reflexo do medo que sentia da emoção que o momento lhe causaria. Ainda que risse do pressentimento, afirmou no discurso de posse: "...a gente morre é para provar que viveu."


O escritor faz seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras com a voz embargada.  Parece pressentir que algo de mal lhe aconteceria. Com efeito, três dias após a posse, em 19 de novembro de 1967, ele morreria subitamente em seu apartamento em Copacabana, sozinho (a esposa fora à missa), mal tendo tempo de chamar por socorro.


Em 1967, João Guimarães Rosa seria indicado para o prêmio Nobel de Literatura. A indicação, iniciativa dos seus editores alemães, franceses e italianos, foi barrada pela morte do escritor. A obra do brasileiro havia alcançado esferas talvez até hoje desconhecidas. Quando morreu tinha 59 anos. Tinha-se dedicado à medicina, à diplomacia, e, fundamentalmente às suas crenças, descritas em sua obra literária. Fenômeno da literatura brasileira, Rosa começou a publicar aos 38 anos. O autor, com seus experimentos lingüísticos, sua técnica, seu mundo ficcional, renovou o romance brasileiro, concedendo-lhe caminhos até então inéditos. Sua obra se impôs não apenas no Brasil, mas alcançou o mundo.


domingo, 16 de outubro de 2011

A Arte de Ser Gente

Este texto foi desenvolvido em 1998 e atualizado para servir de base como experiências e vivências boas e ruins  pelas quais eu passei, sem a pretensão de ser um LIVRO, mas sim um referencial.

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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

M 3 L – JOÃO DO PULO

João Carlos de Oliveira, conhecido como João do Pulo, (Pindamonhangaba, 28 de maio de 1954 - São Paulo, 29 de maio de 1999) foi um atleta saltador brasileiro e ex-recordista mundial do salto triplo.

Em 1973, quebrou o recorde mundial júnior de salto triplo no Campeonato Sul-Americano de Atletismo com a marca de 14,75 m. Em 1975, dois anos depois, nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México conquistou a medalha de ouro no salto em distância com a marca de 8,19 m e em 15 de outubro, também a medalha de ouro no salto triplo, com a incrível marca de 17,89 m, quebrando o recorde mundial desta modalidade em 45 cm, e que pertencia ao soviético Viktor Saneyev.
Era o favorito a medalha de ouro no salto triplo nos Olimpíada de Montreal em 1976 , mas com a marca de 16,90 m foi superado pelo soviético Viktor Saneyev e pelo americano James Butts.
Em 1979, nos Jogos Pan-americanos de Porto Rico, João do Pulo tornou-se bicampeão tanto do salto triplo como do salto em distância.

Em 1980, nas Olimpíadas de Moscou novamente favorito a vencer o salto triplo, novamente ficou com a medalha de bronze.

Teve a carreira de atleta brutalmente interrompida em 22 de dezembro de 1981, quando sofreu um acidente automobilístico. Sua perna direita teve que ser amputada.

Após a recuperação, formou-se em Educação Física e entrou na vida política sendo eleito deputado estadual em São Paulo pelo Partido da Frente Liberal, em 1986, e reeleito em 1990.

João do Pulo morreu em 1999 devido a cirrose hepática e infecção generalizada, solitário e com dívidas financeiras. Deixou dois filhos.

Seu recorde mundial somente foi batido quase dez anos depois pelo americano Willie Banks com 17,90 m em Indianápolis em 16 de junho de 1985. Seu recorde brasileiro e sul-americano só foi batido vinte e dois anos depois por Jadel Gregório, com 17,90 m, em Belém no dia 20 de maio de 2007.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

M 3 L - GONZAGUINHA

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio de Janeiro, filho legítimo de Luiz Gonzaga, o rei do baião, e Odaléia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil.

"Venho de Odaléia uma profissional daquelas que furam cartão e de vez em quando sobem no palco; ela cruzou com meu pai e de repente eu vim" (Gonzaguinha)

A mãe morreu de tuberculose ainda muito moça, com apenas 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos dois anos, e o pai, não podendo cuidar do menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos

Do pai, recebia o nome de certidão, dinheiro para pagar os estudos e algumas visitas esporádicas. Imerso no dia-a-dia atribulado da população, Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma vida marginal, a injustiça diária vivida por uma parcela da sociedade que não tinha acesso a nada.


Aos catorze anos, Gonzaguinha escrevia sua primeira composição: Lembranças da Primavera. Pouco mais tarde , compôs Festa e From U.S of Piauí, que seu pai gravaria em 1967.


Os desentendimentos com Helena, esposa de Gonzagão, fizeram com que o menino acabasse sendo interno em um colégio. Talvez tenha sido a partir daí que o "homem" Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior tenha começado a se delinear. Não só concluiu o Curso Clássico, como ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes (Rio de Janeiro). Aquele que tinha tudo para não dar em nada, começava a mostrar o cidadão consciente social e politicamente.

Gonzaguinha conheceu Ângela, sua primeira esposa, mãe dos seus dois filhos mais velhos, Daniel e Fernanda .

Em 1973, Gonzaguinha participou do programa Flávio Cavalcanti apresentando a música Comportamento Geral num dos concursos promovidos pelo programa. Os jurados ficaram apavorados com a letra que dizia "Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te deixam dizer por se homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado".


Como era de se prever naqueles anos de chumbo, a divulgação da música logo foi proibida em todo o território nacional e Gonzaguinha "convidado" a prestar esclarecimentos no DOPS. Seria a primeira entre muitas visitas do compositor ao orgão público. Para gravar 18 músicas, Gonzaguinha submeteu 72 à censura - 54 foram vetadas!

Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca deixou de divulgar seu trabalho: quer seja em discos onde driblava os censores com canções alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que não podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava.

Em 1975, Gonzaguinha dispensou os empresários e essa atitude foi fundamental para sua carreira, segundo Gonzaguinha a vantagem de trabalhar independente dos empresários está nos contatos que o artista mantém com várias pessoas, o que concorre para recuperar se a base humana do trabalho.

O ano de 1975 foi particularmente importante na vida do compositor: tendo contraído tuberculose, Gonzaguinha viu-se obrigado a passar oito meses em casa e aproveitou o tempo para meditar e refletir sobre si mesmo. Neste período acabou chegando a algumas conclusões importantes.


O ano de 1975 também marcou o início das suas excursões pelo Brasil, em que rodou todo o país de violão. Com isso, conseguiu solidificar as bases nacionais de sua arte e descobriu a importância de seu pai, na música popular brasileira.


Em 1981 nasceu Amora Pêra, filha de Gonzaguinha e da Frenética Sandra Pêra.

Seus últimos 12 anos de vida, Gonzaguinha passou-os ao lado de Louise Margarete Martins
- a Lelete. Desta relação nasceu Mariana, sua caçula. Até hoje Lelete e Mariana vivem em Belo Horizonte, cidade onde Gonzaguinha viveu durante dez anos.

A vida em Minas, mais calma, com longos passeios de bicicleta em torno da lagoa da Pampulha, marcou um período mais introspectivo de sua carreira. O músico dedicava-se a pesquisar novos sons dividindo-se entre longos períodos em casa e demoradas turnês de shows pelo país.

A mais importante dessas turnês talvez tenha sido com o show "Vida de Viajante", ao lado do pai Luiz Gonzaga, em 1981. Não apenas um show, "Vida de Viajante" selou o reencontro de pai e filho, a intersecção de dois estilos, o Brasil sertanejo do baião encontrando o Brasil urbano das canções com compromisso social e uma só paixão - o palco.

O acidente que tirou a vida de Luiz Gonzaga Júnior, aconteceu na manhã do dia 29 de abril de 1991 , ocorrido no quilômetro 30 da BR-280, entre os municípios de renascença e marmeleiro, na região sudoeste do Paraná e a cerca de 420 quilômetros de Curitiba.

domingo, 4 de setembro de 2011

M 3 L – TELÊ SANTANA





Em 26 de julho de 1931, nascia Telê Santana da Silva, cidadão de Itabirito e do mundo. 80 anos de um Mestre do futebol que se foi em abril de 2006.

Telê foi um dos personagens mais marcantes que conheci em três décadas e tanto de profissão. Acompanhei a fase madura da carreira dele, no período que vai do Palmeiras do fim dos anos 1970 ao São Paulo vencedor de tudo do começo da década de 1990. Nesse meio-tempo, claro, houve o trabalho com a seleção, nos Mundiais de 82 e de 86. Impossível esquecer-se dele.

Telê tinha cara fechada – e muitas vezes ficava mesmo sisudo. Quando se invocava com um repórter, desviava o olhar, mas não deixava de responder às perguntas que lhe fossem feitas pelo interlocutor desafeto. Resposta breve, mas respondia. Não era curto e grosso. Era gentil a sua maneira. Com a perspectiva que só o tempo concede, a rabugice de Telê hoje soa suave.

Mas Telê era também divertido. Sabia contar histórias e piadas como poucos. Misturado a outras miudezas, guardava um papelzinho no bolso traseiro da calça em que anotava anedotas novas que considerava boas. Fui testemunha de seu talento em conversas de concentração em hotel ou em papo furado depois de treinos. Para ‘amolecer’ Telê, antes de uma entrevista mais brava, nada melhor do que fazê-lo reviver episódios passados de sua carreira. Descontraía.

Telê era afável com quem gostava, mas leal. Nunca passou notícia exclusiva, para beneficiar este ou aquele repórter ou veículo de comunicação. Não mentia, embora mineiramente deixasse pistas no ar. Nem era difícil acertar suas decisões. Bastava observar o que fazia nos treinos, os jogadores que utilizava. Batata! Na cara de todos estava o time que escalaria. Salvo engano, ele não recorria a treinos secretos e outras artimanhas.

Telê era prático. Não havia sofisticação em seus métodos e mesmo assim foi profundo conhecedor dos mistérios do esporte. Ele ensaiava jogadas à exaustão, repetia lances, ensinava os atletas até a bater na bola da maneira mais correta. Transformava profissionais medianos em peças eficientes nas equipes que comandava. O segredo do sucesso dele estava nisso – era um Mestre. E escalava quem mais se empenhasse nos treinamentos. Jogador indolente ou metido a esperto dançava miudinho nas mãos do professor.

A derrota para a Itália, na Copa de 1982, marcou a carreira de Telê. Mas marcou aqui, para alguns oportunistas de plantão, que durante anos o chamaram de pé-frio. Indelicadeza, injustiça e estupidez andam juntas no futebol.



O reconhecimento de Telê veio, para o mundo, na noite daquele mesmo dia 5 de julho, na sala de entrevistas do Sarriá. Jornalistas internacionais aplaudiram o técnico brasileiro e um deles resumiu o sentimento geral. “Senhor Santana, obrigado pelo futebol de sua seleção.”
Nós colocamos Telê no devido lugar só depois de colecionar taças no São Paulo. Ainda bem que conseguimos consertar essa injustiça. Por isso, ainda hoje dizemos: “Obrigado, mestre Telê.” Um personagem que faz falta ao Futebol.