quarta-feira, 21 de setembro de 2011

M 3 L – JOÃO DO PULO

João Carlos de Oliveira, conhecido como João do Pulo, (Pindamonhangaba, 28 de maio de 1954 - São Paulo, 29 de maio de 1999) foi um atleta saltador brasileiro e ex-recordista mundial do salto triplo.

Em 1973, quebrou o recorde mundial júnior de salto triplo no Campeonato Sul-Americano de Atletismo com a marca de 14,75 m. Em 1975, dois anos depois, nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México conquistou a medalha de ouro no salto em distância com a marca de 8,19 m e em 15 de outubro, também a medalha de ouro no salto triplo, com a incrível marca de 17,89 m, quebrando o recorde mundial desta modalidade em 45 cm, e que pertencia ao soviético Viktor Saneyev.
Era o favorito a medalha de ouro no salto triplo nos Olimpíada de Montreal em 1976 , mas com a marca de 16,90 m foi superado pelo soviético Viktor Saneyev e pelo americano James Butts.
Em 1979, nos Jogos Pan-americanos de Porto Rico, João do Pulo tornou-se bicampeão tanto do salto triplo como do salto em distância.

Em 1980, nas Olimpíadas de Moscou novamente favorito a vencer o salto triplo, novamente ficou com a medalha de bronze.

Teve a carreira de atleta brutalmente interrompida em 22 de dezembro de 1981, quando sofreu um acidente automobilístico. Sua perna direita teve que ser amputada.

Após a recuperação, formou-se em Educação Física e entrou na vida política sendo eleito deputado estadual em São Paulo pelo Partido da Frente Liberal, em 1986, e reeleito em 1990.

João do Pulo morreu em 1999 devido a cirrose hepática e infecção generalizada, solitário e com dívidas financeiras. Deixou dois filhos.

Seu recorde mundial somente foi batido quase dez anos depois pelo americano Willie Banks com 17,90 m em Indianápolis em 16 de junho de 1985. Seu recorde brasileiro e sul-americano só foi batido vinte e dois anos depois por Jadel Gregório, com 17,90 m, em Belém no dia 20 de maio de 2007.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

M 3 L - GONZAGUINHA

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio de Janeiro, filho legítimo de Luiz Gonzaga, o rei do baião, e Odaléia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil.

"Venho de Odaléia uma profissional daquelas que furam cartão e de vez em quando sobem no palco; ela cruzou com meu pai e de repente eu vim" (Gonzaguinha)

A mãe morreu de tuberculose ainda muito moça, com apenas 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos dois anos, e o pai, não podendo cuidar do menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos

Do pai, recebia o nome de certidão, dinheiro para pagar os estudos e algumas visitas esporádicas. Imerso no dia-a-dia atribulado da população, Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma vida marginal, a injustiça diária vivida por uma parcela da sociedade que não tinha acesso a nada.


Aos catorze anos, Gonzaguinha escrevia sua primeira composição: Lembranças da Primavera. Pouco mais tarde , compôs Festa e From U.S of Piauí, que seu pai gravaria em 1967.


Os desentendimentos com Helena, esposa de Gonzagão, fizeram com que o menino acabasse sendo interno em um colégio. Talvez tenha sido a partir daí que o "homem" Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior tenha começado a se delinear. Não só concluiu o Curso Clássico, como ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes (Rio de Janeiro). Aquele que tinha tudo para não dar em nada, começava a mostrar o cidadão consciente social e politicamente.

Gonzaguinha conheceu Ângela, sua primeira esposa, mãe dos seus dois filhos mais velhos, Daniel e Fernanda .

Em 1973, Gonzaguinha participou do programa Flávio Cavalcanti apresentando a música Comportamento Geral num dos concursos promovidos pelo programa. Os jurados ficaram apavorados com a letra que dizia "Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te deixam dizer por se homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado".


Como era de se prever naqueles anos de chumbo, a divulgação da música logo foi proibida em todo o território nacional e Gonzaguinha "convidado" a prestar esclarecimentos no DOPS. Seria a primeira entre muitas visitas do compositor ao orgão público. Para gravar 18 músicas, Gonzaguinha submeteu 72 à censura - 54 foram vetadas!

Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca deixou de divulgar seu trabalho: quer seja em discos onde driblava os censores com canções alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que não podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava.

Em 1975, Gonzaguinha dispensou os empresários e essa atitude foi fundamental para sua carreira, segundo Gonzaguinha a vantagem de trabalhar independente dos empresários está nos contatos que o artista mantém com várias pessoas, o que concorre para recuperar se a base humana do trabalho.

O ano de 1975 foi particularmente importante na vida do compositor: tendo contraído tuberculose, Gonzaguinha viu-se obrigado a passar oito meses em casa e aproveitou o tempo para meditar e refletir sobre si mesmo. Neste período acabou chegando a algumas conclusões importantes.


O ano de 1975 também marcou o início das suas excursões pelo Brasil, em que rodou todo o país de violão. Com isso, conseguiu solidificar as bases nacionais de sua arte e descobriu a importância de seu pai, na música popular brasileira.


Em 1981 nasceu Amora Pêra, filha de Gonzaguinha e da Frenética Sandra Pêra.

Seus últimos 12 anos de vida, Gonzaguinha passou-os ao lado de Louise Margarete Martins
- a Lelete. Desta relação nasceu Mariana, sua caçula. Até hoje Lelete e Mariana vivem em Belo Horizonte, cidade onde Gonzaguinha viveu durante dez anos.

A vida em Minas, mais calma, com longos passeios de bicicleta em torno da lagoa da Pampulha, marcou um período mais introspectivo de sua carreira. O músico dedicava-se a pesquisar novos sons dividindo-se entre longos períodos em casa e demoradas turnês de shows pelo país.

A mais importante dessas turnês talvez tenha sido com o show "Vida de Viajante", ao lado do pai Luiz Gonzaga, em 1981. Não apenas um show, "Vida de Viajante" selou o reencontro de pai e filho, a intersecção de dois estilos, o Brasil sertanejo do baião encontrando o Brasil urbano das canções com compromisso social e uma só paixão - o palco.

O acidente que tirou a vida de Luiz Gonzaga Júnior, aconteceu na manhã do dia 29 de abril de 1991 , ocorrido no quilômetro 30 da BR-280, entre os municípios de renascença e marmeleiro, na região sudoeste do Paraná e a cerca de 420 quilômetros de Curitiba.

domingo, 4 de setembro de 2011

M 3 L – TELÊ SANTANA





Em 26 de julho de 1931, nascia Telê Santana da Silva, cidadão de Itabirito e do mundo. 80 anos de um Mestre do futebol que se foi em abril de 2006.

Telê foi um dos personagens mais marcantes que conheci em três décadas e tanto de profissão. Acompanhei a fase madura da carreira dele, no período que vai do Palmeiras do fim dos anos 1970 ao São Paulo vencedor de tudo do começo da década de 1990. Nesse meio-tempo, claro, houve o trabalho com a seleção, nos Mundiais de 82 e de 86. Impossível esquecer-se dele.

Telê tinha cara fechada – e muitas vezes ficava mesmo sisudo. Quando se invocava com um repórter, desviava o olhar, mas não deixava de responder às perguntas que lhe fossem feitas pelo interlocutor desafeto. Resposta breve, mas respondia. Não era curto e grosso. Era gentil a sua maneira. Com a perspectiva que só o tempo concede, a rabugice de Telê hoje soa suave.

Mas Telê era também divertido. Sabia contar histórias e piadas como poucos. Misturado a outras miudezas, guardava um papelzinho no bolso traseiro da calça em que anotava anedotas novas que considerava boas. Fui testemunha de seu talento em conversas de concentração em hotel ou em papo furado depois de treinos. Para ‘amolecer’ Telê, antes de uma entrevista mais brava, nada melhor do que fazê-lo reviver episódios passados de sua carreira. Descontraía.

Telê era afável com quem gostava, mas leal. Nunca passou notícia exclusiva, para beneficiar este ou aquele repórter ou veículo de comunicação. Não mentia, embora mineiramente deixasse pistas no ar. Nem era difícil acertar suas decisões. Bastava observar o que fazia nos treinos, os jogadores que utilizava. Batata! Na cara de todos estava o time que escalaria. Salvo engano, ele não recorria a treinos secretos e outras artimanhas.

Telê era prático. Não havia sofisticação em seus métodos e mesmo assim foi profundo conhecedor dos mistérios do esporte. Ele ensaiava jogadas à exaustão, repetia lances, ensinava os atletas até a bater na bola da maneira mais correta. Transformava profissionais medianos em peças eficientes nas equipes que comandava. O segredo do sucesso dele estava nisso – era um Mestre. E escalava quem mais se empenhasse nos treinamentos. Jogador indolente ou metido a esperto dançava miudinho nas mãos do professor.

A derrota para a Itália, na Copa de 1982, marcou a carreira de Telê. Mas marcou aqui, para alguns oportunistas de plantão, que durante anos o chamaram de pé-frio. Indelicadeza, injustiça e estupidez andam juntas no futebol.



O reconhecimento de Telê veio, para o mundo, na noite daquele mesmo dia 5 de julho, na sala de entrevistas do Sarriá. Jornalistas internacionais aplaudiram o técnico brasileiro e um deles resumiu o sentimento geral. “Senhor Santana, obrigado pelo futebol de sua seleção.”
Nós colocamos Telê no devido lugar só depois de colecionar taças no São Paulo. Ainda bem que conseguimos consertar essa injustiça. Por isso, ainda hoje dizemos: “Obrigado, mestre Telê.” Um personagem que faz falta ao Futebol.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

M 3 L - NOEL ROSA



Noel de Medeiros Rosa nasceu em 11 de dezembro de 1910, em Vila Isabel, na cidade do Rio de Janeiro. Sua mãe, dona Marta, teve problemas no parto. O médico precisou usar fórceps e afundou o maxilar de Noel, que viria a ser um homem magro e fraco porque tinha dificuldades para mastigar. Ganhou o apelido de “Queixinho” na escola, o que nunca se tornou um trauma; pelo contrário, acabou se tornando um adulto irônico e debochado. Além do problema no queixo tinha a voz fanhosa, o que também não o impediu de cantar e ser o sambista de maior sucesso de sua época no Rio.

Tocava violão com o Bando de Tangarás, ao lado de Almirante, João de Barro e outros. No início, em 1929, eram músicas regionais nordestinas. O primeiro samba, Com que roupa, nasceu ainda naquele ano. Transformou-se no grande sucesso do carnaval de 1931. Com isso, Noel teve que fazer sua primeira grande escolha: a Medicina (era aluno do primeiro ano) ou o Samba. Escolheu o Samba, claro!



Em suas músicas falava de seu bairro, seus amores, seus desafetos, suas piadas. A sábia escolha do ex-futuro médico garantiu à música brasileira momentos primorosos: Pierrô apaixonado, Pastorinhas, O orvalho vem caindo, Feitio de oração, Não tem tradução, Pra que mentir, Conversa de botequim, Gago Apaixonado, São coisas nossa, Mulher indigesta, Mentiras de mulher, Feitiço da vila, Dama de Cabaré, Palpite infeliz, Último desejo, Fita Amarela e muitas outras canções.

Em 1933, casou com a sergipana Lindaura, mas continuou com sua vida noturna e, como era de se esperar, a vida íntima do casal acabou em seus sambas. Tuberculoso, Noel tentou se curar no clima frio e seco de Belo Horizonte, em Minas Gerais, mas voltou ao Rio, em 1935, quando entre a saúde e a boemia do samba, escolheu mais uma vez esta última opção. Morreu aos 26 anos, em maio de 1937, deixando mais de 100 músicas nas quais “exalta a vadiagem e seus amores, fazendo da pobreza poesia e de Vila Isabel um reduto do samba”.