Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também.
— Gérson, meia armador da Seleção Brasileira de Futebol era o protagonista.
Segue a Lei de Gérson a pessoa que "gosta de levar vantagem em tudo", no sentido negativo de se aproveitar de todas as situações em benefício próprio, sem se importar com questões éticas ou morais. A expressão originou-se em uma propaganda, de 1976, para os cigarros Vila Rica. A propaganda dizia que esta marca de cigarro era vantajosa por ser melhor e mais barata que as outras, e Gérson dizia no final: GOSTO DE LEVAR VANTAGEM EM TUDO! LEVE VANTAGEM VOCÊ TAMBÉM! Essa frase resumia a suposta malandragem brasileira, símbolo do jeitinho e da corrupção, ficando popularmente conhecida como lei de Gérson. |
Associa-se a valorização e a mitificação desta "lei" ao conceito de malandragem, do uso de pistolões em português brasileiro ou de cunhas em português europeu.
Após a associação maliciosa e indevida, ele já se lamentou publicamente de ter seu nome ligado a esses defeitos do povo brasileiro, que não combinam com o seu jeito de ser e nem com as suas ideias.
Normalmente o indivíduo sabe que não é certo fazer determinada coisa e a faz. Porém, quando chega a punição é dado um jeitinho de se esquivar da responsabilização pelo ato, algo como "varrer a sujeira para baixo do tapete", por isto tem este nome. Pode-se citar alguns exemplos da longa lista de pequenos pecados que cometemos:
- Pagamento de taxa, para ser aprovado no exame para tirar a carteira de motorista, mesmo não sabendo dirigir com segurança.
- Dar dinheiro para o guarda de trânsito anular a multa. Normalmente, para não ser preso, usa-se a frase "tem como dar um jeitinho", uma vez que esta não é considerada suborno.
- Deixar tudo pra ultima hora: pagamentos, inscrições, responsabilidades.
- Considerar que o Honesto é um paspalho e que o Malandro é o bom e achar que a Honestidade deve ser combatida com desprezo e a corrupção "se dar bem" louvada como estilo de vida.
- Trabalhar pouco e querer ganhar muito, querer que os outros trabalhem em seu lugar e que paguem suas despesas.
Malandragem define-se como um conjunto de artimanhas utilizadas para se obter vantagem em determinada situação (vantagens estas muitas vezes ilícitas). Caracteriza-se pela engenhosidade e sutileza. Sua execução exige destreza, carisma, lábia e quaisquer características que permitam a manipulação de pessoas ou resultados, de forma a obter o melhor destes, e da maneira mais fácil possível. Contradiz a argumentação lógica, o labor e a honestidade, pois a malandragem pressupõe que tais métodos são incapazes de gerar bons resultados. Aquele que pratica a malandragem (o "malandro") age como no popular adágio brasileiro, imortalizado pelo nome de Lei do Gerson: "tenho de levar vantagem em tudo".
Junto ao jeitinho, a malandragem pode ser considerado outro modo de navegação social tipicamente (mas não unicamente) brasileiro; porém, diferente do jeitinho, neste a integridade de instituições e de indivíduos é efetivamente lesada, e de forma juridicamente definível como dolosa. No entanto, a malandragem bem-sucedida pressupõe que se obtenham vantagens sem que sua ação se faça perceber. Em termos mais populares, o "malandro" "engana" o "otário" (vítima) sem que este perceba ter sido enganado.
A malandragem é descrita no imaginário popular brasileiro como uma ferramenta de justiça individual. Perante a força das instituições necessariamente opressoras, o indivíduo "malandro" sobrevive manipulando pessoas, enganando autoridades e driblando leis, de forma a garantir seu prejudicado bem-estar (vide obra "Carnavais, Malandros e Heróis", de Roberto Damatta). Dessa forma, o "malandro" é o típico herói brasileiro. Exemplos da literatura incluem Pedro Malasarte e João Grilo.
Tal como o jeitinho, a malandragem é um recurso de esperteza, utilizado por indivíduos de pouca influência social, ou socialmente desfavorecidos. Isso não impede a malandragem de ser igualmente utilizada por indivíduos mais bem posicionados socialmente. Através da malandragem, obtêm-se vantagens ilícitas em jogos de azar, nos negócios e na vida social em sua totalidade. Pode-se considerar "malandro" o adúltero que convence a mulher de sua falsa fidelidade; o patrão que "dá um jeito" de não pagar os funcionários tal como deveria; o "jogador" que manipula as cartas e leva para si toda uma rodada de apostas.
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